sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Não há saída

Foto: retirada da internet.
       Hoje poderia ser um dia como outro qualquer. Mas, sem querer, me perdi nas lembranças. De uma forma ou de outra, o vento frio que entrou pela janela e a névoa, que insiste em esconder o céu e o brilho da manhã, reabriram uma ferida antiga. Dessas que deixam cicatrizes profundas e eternas. A música no rádio era um sucesso de uns três anos atrás, mesma época em que tudo aconteceu.
   Lembro como se fosse hoje, quando ela era repetida várias vezes no meu mp3. Costumava dizer que escutá-la me trazia energias boas. Mas, agora, só de ouvir os acordes iniciais, sinto calafrios. Não há nada de errado com a letra, ainda me recordo dela. A harmonia também não tem nada demais. O problema está em mim e, principalmente, na minha falta de capacidade de aceitar o que aconteceu.
            Tento pensar em outras coisas, mudo a sintonia do rádio, fecho a persiana, me tranco dentro de mim. Talvez, um café faça com que eu reponha as minhas energias ou me ajude a acordar desse pesadelo. 
  Olho para o relógio, mas a hora não passa. E é estranho. Antes, o tempo parecia voar. Seja no velho balanço do quintal ou nas noites contando estrelas. Momentos simples me mostravam que eu estava viva. Agora, nem sei mais se vale a pena estar.
  O vento tocava os meus cabelos no fim da tarde e o sol me sorria enquanto se escondia por trás das montanhas. Eu acreditava que, em cada despedida, ele pudesse me transmitir coisas boas para o dia que ainda ia nascer.
  Hoje, nem sei mais de qual lado o sol se põe. Muito menos, para onde foi a minha esperança. Talvez tenha se perdido entre uma dose ou outra de bebida e se recusando a me ver mais uma vez de ressaca, foi embora. Assim como tantas outras coisas e pessoas que já passaram por mim.
 Ainda não são nem 10 horas da manhã. Eu tento escrever mais uma matéria para o jornal, mas a página do Word continua em branco e as minhas mãos repousadas sobre o teclado. Eu me perdi em pensamentos, te perdi para sempre e não consigo encontrar palavras.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Mais um café

Foto: retirada da internet.
 Um café, a luz apagada e um pouco de música. O sono não vem, mas os pensamentos sim, trazendo os meus medos e as lembranças do que poderia ter sido e não foi. Com a cabeça longe e os dedos sobre o teclado, começo a esboçar o que pode vir a se tornar um texto. Erro uma palavra, volto atrás, a reescrevo. Se não encontro uma sonoridade agradável, recorro a um sinônimo. 
   Entre uma vírgula e mais um gole, desejo em silêncio,  que a vida tenha a opção "desfazer". Desejo poder voltar atrás e fazer diferente. Mas,  a vontade vai embora diante da impossibilidade. Ainda tenho uma folha em branco na minha frente, meia xícara de café e um mundo de incertezas.
   Volto a escrever sobre o que vejo, volto a sentir o que escrevo. Ou será que escrevo o que sinto? As lembranças corriqueiras do momento em que se espera o ônibus, a exaustão dos gestos repetidos, a inspiração em estado latente.
  Mais um gole. A substância preta que me mantém acesa, já esfriou; assim como a madrugada que me faz companhia.O gosto viciante ficou amargo. Talvez as minhas amarguras tenham passado para aquela tímida xícara, vai saber? Às vezes fui eu que fiquei quente e de mais fácil apreciação para esse mundo que me tira o sono.