quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Sobre o que ela sente e não diz


     
Foto: retirada da internet.

A confiança era o que a sustentava. Acreditava que o amor bastava e que havia reciprocidade no sentimento e sinceridade em todas as palavras ditas por ele. Sonhava com uma casa cheia de filhos e cachorros, da alegria espalhada por todos os lugares em meio a brinquedos e sorrisos. Nem mesmo a velhice a assustava. Imaginava passar os próximos anos, ou a vida inteira, ao seu lado.
  Passou a achar que nenhum outro homem era interessante. O amor havia a cegado. Como forma de defesa ou por pura ingenuidade, passou a desconsiderar os seus defeitos. Parecia que havia se esquecido de todas as outras desilusões vividas. Ele errou algumas vezes, mas o perdão sempre aparecia depois das lágrimas derramadas e das promessas de que teria sido a única e a última vez.
  Como nas outras vezes, ela prometeu que tudo iria ficar bem. Talvez a sua doçura se ausentasse por alguns dias, talvez choraria em silêncio toda vez que se lembrasse. Mas, por mais uma vez, vestiu o sorriso. Aquele já sem brilho e em tons de amarelo que há tempos não usava, mas que sempre aparece quando ela tenta esconder a dor que sente.