terça-feira, 29 de julho de 2014

Foto: retirada da internet.
“Você me sufoca”, ele esbravejou. Depois disso, saiu por aquela porta. Chorei, como nas outras vezes. E, também, como nas outras vezes, acreditei que ele fosse voltar. Foi a última vez que eu o vi.
Embora eu já estivesse acostumada com as suas pequenas faltas, tive que aprender a lidar com a sua ausência. Aquela que era motivo da chantagem emocional das brigas anteriores, mas que, de um dia para o outro, passou a ser permanente na minha vida.
Antes, eu só conseguia enxergar as suas faltas e, hoje, percebo a falta que ele me faz. A cama que antes era pequena para nós, tornou-se gigantesca e fria. Nem mesmo as minhas frustrações e essa solidão que me abraça, dão conta de preenchê-la.
Continuo com a minha velha mania de falar sozinha. As paredes dessa casa já cansaram de escutar as histórias que eu conto, mesmo sabendo que elas são testemunhas dos risos sem motivos, das noites em claro e das juras que fizemos um para o outro. Essas mesmas paredes viram, também, as inúmeras brigas, as promessas de que tudo iria ser diferente, a certeza de que nada mudou e a sua partida.
       Chorei muito e, para ser sincera, choro até hoje. Mas ele tinha razão. Por medo de perder, quis  prendê-lo em mim. Por medo de afrouxar o nosso laço, apertei o nó. E agora, com um nó na garganta, tenho que admitir: eu o sufoquei e, infelizmente, o nosso amor morreu de asfixia. 

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Um dia vou acordar de verdade

Foto: retirada da internet.
Já são quase três horas da tarde, mas eu acabei de acordar. Olho para o despertador e, por mais uma vez, ativo o modo soneca. A essa altura, já perdi todos os compromissos agendados para hoje. Fecho os olhos, tento voltar a dormir. Quero fugir disso tudo. Respiro fundo e, inevitavelmente, olho para o canto direito da cama. Seu cheiro ainda está lá, mas você não.
Essa cama que esteve tão cheia de nós, agora, só encontra o meu vazio. E eu, te buscando em meio aos lençóis, entendo que te perdi aos poucos, sem nem ao menos perceber. As suas pequenas faltas me levaram à sua completa ausência.
O meu celular toca. Movida pela falsa esperança de ser você, corro para atender. Era mais uma daquelas ligações chatas que oferecem serviços de telefonia. Desligo. Vou para a cozinha.
Enquanto preparo o café, lembro de você. Levo a xícara à boca e sinto o gosto amargo. Errei na medida mais uma vez. Talvez todo o açúcar e todo o afeto que existiam em mim, tenham sido dados a você. E só tenha me sobrado a amargura.
Sento em frente à TV e, mesmo sem prestar atenção em nada, aumento o volume na tentativa de acabar com o silêncio da sua partida. Espero que esse vazio seja passageiro e que ao invés da sua ausência, eu possa encontrar enfim, a minha completude.

Volto para a cama, troco de lado, preencho os espaços com travesseiros, fecho os olhos. Quero voltar a dormir e só acordar, quando tudo estiver em ordem.