quarta-feira, 29 de abril de 2015

Quando a liberdade é o laço mais forte

 
Foto retirada da internet.
 Por muito tempo, insisti em guardar lembranças. Acumulei fotos, cartas e dores em grandes caixas. Ocupei espaço no quarto e na minha vida alimentando sentimentos e verbos que, há muito tempo, mereciam ser conjugados no passado. Tinha tanto dele por aqui,  que eu não cabia mais em mim. E, em meio a essa bagunça, você apareceu. 
   Chegou por aquela porta e, sem pedir licença,  entrou na minha vida.  Trouxe a paz que me faltava e me ajudou a jogar fora esse tanto de medo bobo e de passado, que me impediam de viver. Você me mostrou que era possível rir mais uma vez e me apaixonar à milésima vista. 
    E, assim, vivemos um dia de cada vez. Sem o peso das expectativas e o excesso de frustrações. Não há amarras, não há dependência. Fizemos da liberdade, o nosso laço mais forte. 
    


sexta-feira, 17 de abril de 2015

Entre perdas e ganhos

 
Foto retirada da internet.
 
Acordei no susto, antes mesmo do celular despertar. Da janela do quarto, pude ver que já era dia. Um dia de céu azul e calor, muito calor. Meu Deus, como faz calor nessa cidade! Na rua, vi vários rostos, mas nenhum deles me pareceu familiar. E esse cenário, que ainda é novidade, me trouxe a saudade de casa. 
    Não há mais o calor do abraço, apenas telefonemas longos. Tive que aprender a lidar com a distância e, por meio de fotos e mensagens, driblar a ausência e preencher um pouquinho da falta que eu sinto. 
Quando vim pra cá, tive que deixar muita coisa pra trás. E nessa relação entre perdas e ganhos, entendi que só perdi aquilo que nunca me acrescentou. Trouxe comigo, mesmo que só na memória, a torcida da família e o sorriso sincero dos amigos. Peças fundamentais para dias como esse, em que mesmo com todo esse azul lá fora, tenho que conviver com as nuvens de dúvida e saudade.
Fechei a janela e abri um sorriso. Tive a certeza de que, mesmo com os quilômetros que nos separam, não estou sozinha. 

terça-feira, 14 de abril de 2015

O mundo é lá fora

Foto: retirada da internet.
  O olhar fixo no computador, as decisões ainda no campo das ideias e o pedido para que esse dia termine bem. As respostas que poderiam ser dadas no ato, mas que muitas vezes são sufocadas por um sorriso amarelo e uma atitude cordial.
    Dá vontade de jogar tudo para o alto e ir viver de música em uma ilha paradisíaca, mesmo sem saber  um acorde sequer. Tem horas que a rotina cansa e que o sonho perde a intensidade. Nesses momentos, vem o desejo de tirar férias da gente, dos outros, do mundo. Dormir por dias na esperança de que dessa forma, a vida pese menos. Mas, é hora de reagir! Lembre-se, "o seu problema não é maior que o mundo!"
  Coloque a cabeça para fora desse escritório, saia desse ar condicionado e deixe o vento puro bater na sua cara! Tente ver o mundo além do seu monitor. Existe mais vida lá fora, do que no seu mundinho virtual. Da janela do prédio, é possível ver corpos em movimento, passos largos e firmes. Falta calor nos encontros e  sobra individualidade. Nesse emaranhado de amarguras e frustrações, tantas coisas poderiam ter acontecido, mas não se realizaram por faltar sorriso, educação, cavalheirismo e vontade. As pequenas atitudes podem mudar o mundo, sim! Mas, você prefere ignorar essa constatação e reclamar da vida no seu Twitter ou no seu Facebook, como se o universo fosse o culpado por os erros que você mesmo cometeu.

    Observe com mais calma o seu trajeto para o trabalho. Veja que a beleza existe, mas nem sempre você quer ver. Saia na chuva sem se preocupar com o cabelo ou com a roupa. Deixe-se molhar, deixe-se viver. Ria sem ter motivo e, faça disso, um motivo para rir mais. Perceba o quanto você pode ser feliz com pequenos gestos.

    Distribua abraços, chore assistindo pela décima vez "Um amor para recordar". Dance, mesmo que de forma bizarra, quando escutar a sua música preferida. Cante aquela canção que você gosta da sonoridade, mas não sabe a letra. Cumprimente um desconhecido na rua e puxe assunto! Fale sobre o tempo, sobre a chuva do final de semana, das suas férias que estão chegando, da ansiedade da espera por uma data especial. Emocione-se quando e quantas vezes quiser! Viva de forma que possa colecionar histórias e não ideias sobre o que poderia ter sido e não foi.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Lembranças de um tempo bom

Foto: retirada da internet.
   Sou de um época em que joelho ralado era vestígio da mais pura felicidade. A rua de pedra era palco das nossas apresentações e dos desfiles de fim de tarde, mas também se transformava em quadra para as partidas de queimada e vôlei e, até mesmo, em campo de batalha para as intermináveis guerrinhas de mamona. E, assim, nós éramos felizes. Com os pés no chão, os cabelos ao vento e o sorriso no rosto.
   A infância tinha gosto da manga colhida no pé, da goiaba roubada do quintal do vizinho e cheiro do café moído na hora. Não era preciso ter brinquedos caros, a imaginação era a peça principal das brincadeiras. O gravador velho era a nossa rádio e o lençol pendurado no quintal era o nosso esconderijo. Ficávamos horas e horas no vai e vem do balanço. Longe da correria de hoje, nós corríamos a favor do tempo.